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“Brasil pode voltar ao Mapa da Fome”, diz brasileiro do Programa Mundial de Alimentos, que ganhou Nobel da Paz

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"Temos percebido um aumento no número de pessoas em vulnerabilidade, uma regressão das políticas sociais", disse o economista Daniel Balaban, representante do Brasil no Programa Mundial de Alimentos da ONU

 

Representante do Brasil no Programa Mundial de Alimentos (PMA), instituição ligada à Organização das Nações Unidas que ganhou o prêmio Nobel da Paz nesta sexta-feira (9), o economista Daniel Balaban, alerta que o país pode voltar ao Mapa da Fome – quando mais de 5% da população enfrenta insegurança alimentar grave – em razão da crise econômica e da regressão das políticas sociais do governo Jair Bolsonaro.

“Temos percebido um aumento no número de pessoas em vulnerabilidade, uma regressão das políticas sociais. Se nada for feito para reverter esse quadro, o Brasil pode voltar ao Mapa da Fome”, afirmou Balaban ao ser indagado por Luis Barrucho, da BBC, sobre os últimos dados do IBGE, que mostram que nos últimos cinco anos, 10,3 milhões voltaram a passar fome.

 

Sem citar diretamente o governo Bolsonaro, o economista alerta para a necessidade de reverter esse quadro.

“Não entramos em análises de governos, de atuação de governos. Acreditamos que essas políticas são reflexo do interesse da população de cada país. Cada governo é reflexo de sua população, sobretudo em países democráticos, como o Brasil. Precisamos alertar a toda a população que este é o momento de união e de trabalho conjunto para que esse quadro não volte”.

“Ganhamos muita notoriedade quando conseguimos tirar 50 milhões de pessoas da extrema pobreza e quando saímos do Mapa da Fome (em 2014, durante o governo de Dilma Rousseff) por meio de políticas públicas que nós mesmos desenvolvemos. Digo sempre que essas são políticas de Estado”.

O economista alerta, no entanto, que essas políticas devem ser “perenes”.

“Continuamos sendo um país muito desigual e com uma parcela considerável da população em situação de vulnerabilidade. Não podemos deixar de comprometer parte do orçamento para políticas sociais que foram muito exitosas. O Brasil foi um exemplo para o mundo em desenvolvimento em relação a isso, desde políticas de apoio a agricultores familiares a políticas de renda com condicionalidade, como é o caso do Bolsa Família. E isso tem que continuar”.


* Fonte: Revista Fórum