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Com PIB estagnado, Brasil vem caindo posições entre as economias mundiais

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O baixo desempenho tem feito o país perder continuamente posições no ranking das maiores economias do mundo
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De acordo com o relatório de conjuntura do Dieese, as projeções mais recentes – meses de agosto e setembro - apontam que a economia brasileira crescerá em torno de 2,3% em 2022, esta é a pior média do país a partir desde 2016. De 2019 para 2021, o país caiu quatro posições, da 9ª para a 13ª maior economia. Entre 2010 e 2014, ostentava a condição de 7ª economia do mundo e, em 2020, saiu da lista das 10 maiores economias mundiais pela primeira vez, desde 2007.

Segundo o IBGE, a renda domiciliar per capita despencou para R$ 1.367,00 no ano passado. O rendimento médio do trabalho, por sua vez, reduziu-se em 10,1% no quarto trimestre de 2021, atingindo valor mínimo recorde, de R$ 2.447,00. De acordo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), de janeiro a julho de 2022, o salário médio de contratados com carteira assinada teve queda de 3,4%%. A média salarial, em julho de 2022, ficou em R$ 1.926,54, valor inferior ao de 2021, de R$ 1.982,55.

A perda de rendimentos ocorre em período em que, por muitos meses, a inflação anual ficou na casa dos dois dígitos, puxada por alimentos para os quais é destinada boa parte da renda da maioria esmagadora da população. A cesta básica de alimentos na cidade de São Paulo, para o consumo de um adulto, custou R$ 749,78 em agosto. A comparação do valor da cesta entre agosto de 2022 e agosto de 2021 mostrou que todas as capitais tiveram alta de preço, com variações que oscilaram entre 12,55%, em Porto Alegre, e 21,71%, no Recife.

Com base na cesta mais cara, que, em agosto, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estimou que, em agosto, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.298,91, ou 5,20 vezes o mínimo de R$ 1.212,00.

O empobrecimento de parcela expressiva dos trabalhadores brasileiros é visível. Segundo pesquisa da Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), 40% dos domicílios brasileiros convivem com algum tipo de insegurança alimentar, o que é equivalente a cerca de 125,2 milhões de pessoas, mais da metade da população do país. Cerca de 15% dos brasileiros, equivalente a 33 milhões de pessoas, passam fome. Esse indicador é especialmente grave, no caso do Brasil, porque a insegurança alimentar nada tem a ver com questões demográficas ou climáticas: o Brasil é o terceiro maior produtor de alimentos e o maior produtor de proteína animal do mundo.

O problema da inflação alta, agravado pelo ritmo ainda maior de elevação dos preços dos alimentos, soma-se ao fato de que parte expressiva das negociações coletivas não consegue repor a perda inflacionária do período negociado.

Análise do Dieese, de 149 acordos e convenções coletivas da data-base agosto, registrados no Mediador, do Ministério do Trabalho e Previdência até 2 de setembro, revela que 49,0% dos reajustes salariais ficaram abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo IBGE. Outros 23,5% tiveram resultados apenas iguais à inflação. As categorias que não conseguiram nem repor o INPC tiveram, em média, perda de 1,35%. Segundo a pesquisa, no cômputo geral de agosto, considerando todos os resultados (acima, iguais e abaixo da inflação), a variação real média dos reajustes, embora tenha subido em relação às datas-bases anteriores, ainda foi negativa: -0,28%.

Taxa de juros e gastos com a dívida pública

Em setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, manteve a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano, depois de 12 aumentos consecutivos. A decisão não foi unânime. É o maior patamar em quase seis anos. O Brasil segue na condição de líder do ranking mundial de juros reais (descontada a inflação) desde maio, abrindo inclusive distância do México, segundo colocado na lista (gráfico a seguir). No ranking, o nível de juros reais no Brasil (8,52%) é ponto fora da curva entre os 40 países listados.



Com informações do site Dieese.org.br