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Conheça a visão sobre o trabalho segundo o artista Candido Portinari

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Ainda em comemoração aos trabalhadores de todo o Brasil - e de alguns países do mundo -, que é celebrado no mês de maio, veremos agora como o trabalho foi representado na obra de um importante artista nacional, o paulista Candido Portinari.

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A relevância de sua obra se compreende não apenas pela abordagem do trabalho e de outras questões sociais, como a miséria nos sertões e a força do povo sertanejo, mas também por sua proposta de modernização artística, aliada à presença de obras de sua autoria em espaços públicos, governamentais e institucionais, a exemplo dos painéis Guerra e Paz, exibidos na sede da Organização das Nações Unidas (ONU).

Nascido em uma fazenda de café na cidade de Brodósqui, interior de São Paulo, Portinari (1903-1962) era filho de imigrantes italianos. Como desde cedo manifestou uma forte aptidão para as artes, já aos 15 anos se mudou de estado, indo morar na capital do Rio de Janeiro a fim de estudar na tradicional e renomada Escola Nacional de Belas Artes.

Em 1928, foi contemplado com uma bolsa de viagem de dois anos para Paris, após vencer em um Salão Nacional de artes. O contato com a arte moderna francesa modificou a sua arte, porém, curiosamente, não dissipou um desejo que se tornou uma das marcas registradas do artista, a retratação do povo brasileiro e de questões tipicamente brasileiras.

De volta ao Brasil, passou a se envolver com a pintura mural, tipo de obra de grandes dimensões, o que conecta o seu trabalho com a proposta de Diego Rivera. Após realizar uma série de obras públicas em diversas partes do Brasil, foi convidado pelo Ministério da época para realizar alguns afrescos sobre os ciclos econômicos do nosso país.

Café

Uma de suas pinturas mais conhecidas se intitula Café, e trata especificamente de uma visão artística sobre o trabalho com enfoque no trabalhador braçal e dos campos. Nela, a cena representa o trabalho nas lavouras, uma atividade repetitiva e extenuante, porém muito digna.

As figuras humanas são robustas, hipervolumosas e demonstram ser possuidoras de uma grande força física. Percebe-se na pintura a predominância de homens e mulheres negros e mulatos, pintados com cores que remetem ao próprio solo fértil em cultivo.

Segundo alguns especialistas no trabalho de Candido Portinari, essa paleta de cores, associada aos pés grandes dos corpos, pode ser interpretada como um símbolo da forte conexão que os trabalhadores do campo têm com a natureza: dela dependem, dela tiram seu sustento e, portanto, a ela pertencem e respeitam.

Concluindo, a partir do exemplo de Café, podemos constatar que o trabalho, no ponto de vista de Candido Portinari, é sempre uma ação que dignifica a vida do homem, sobretudo se é um trabalho que envolve a rotina das pessoas, que são a base da economia nacional, indivíduos simples, humildes e batalhadores.



Fonte: Clickideia