De olho nas negociações: os reajustes em março de 2023
A análise dos resultados das negociações salariais da data-base março revela que foi mantida a tendência de melhora do quadro dos reajustes salariais, observada nos últimos meses. Em março, 74,1% dos 290 reajustes analisados pelo DIEESE resultaram em ganhos acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (INPC-IBGE). Resultados iguais a esse índice foram observados em 21,4% dos casos e abaixo dele, em apenas 4,5%.
Variação real média dos reajustes
A variação real média dos reajustes em março (a média simples, descontada a inflação) foi positiva e fi cou em 0,91%, a maior das últimas 15 datas-bases. Esse percentual é decorrente principalmente da grande incidência de resultados nas faixas de ganho de até 1% acima do INPC (cerca de 40% dos reajustes de março situam-se nessa faixa) e entre 1% e 2% acima da inflação (outro 15% situam-se nessa faixa de ganho real).
Reajuste necessário
O valor do reajuste necessário, correspondente à variação dos preços ao longo dos 12 meses anteriores à data-base, registrou nova queda, atingindo 4,36%, conforme o INPC, para as categorias com data-base em abril. Foi a 9ª queda consecutiva. A redução do valor do reajuste necessário é um fator importante para explicar a melhora do quadro das negociações salariais.
Reajustes parcelados
Entre as categorias com data-base em março, 3,4% fecharam acordo mediante a aceitação do parcelamento do aumento salarial. O percentual é superior ao verificado em janeiro (2,1%, com dados atualizados) e fevereiro, mês em que não foram registrados reajustes parcelados. Ainda assim, está entre os mais baixos das últimas 15 datas-bases.
Reajustes escalonados
O percentual de reajustes escalonados em março (pagos em valores diferenciados segundo faixas salariais ou tamanho de empresas) foi de 12,1% - por enquanto, o maior do ano. No entanto, é bem inferior ao observado em março de 2022, quando 22,7% dos reajustes adotaram essa sistemática.
Distribuição dos reajustes
Em 2023, com a incorporação dos resultados da data-base março e de novos reajustes de janeiro e fevereiro, 71,6% das categorias obtiveram ganhos reais nos salários; 20,1% tiveram
correções iguais ao INPC; e apenas 8,3% dos reajustes ficaram abaixo do índice da inflação. Das negociações com reajustes acima do INPC, cerca de 43% resultaram em ganhos de até 1%; e quase 37% ganhos entre 1% e 2%. Quanto aos resultados abaixo da inflação, quase a metade registrou perdas inferiores a 1%. No cômputo geral, a variação real média dos salários no ano é positiva: de 0,84%.
Fonte: Dieese