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Dieese: ‘recuperação’ da economia é frágil, mas pobreza cresce em ritmo acelerado

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Segundo o instituto, alguns indicadores que mostram certa melhora têm como base o período atingido pela pandemia. “Bases frágeis”

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Enquanto a sempre anunciada recuperação da economia se dá de forma lenta e em base fraca, a pobreza e a desigualdade “se acentuam em ritmo acelerado”, afirma o Dieese. Em boletim, o instituto lembra que alguns indicadores apontam melhora, mas em comparação com períodos que tiveram forte impacto da pandemia de covid-19. Assim, estão “ancorados em bases frágeis”.

O Dieese destaca, inicialmente, que o número de pessoas em situação de fome aumentou para 33 milhões neste ano. Além de mais da metade da população em algum grau de insegurança alimentar, segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Pessan).

Sem estratégia

O boletim cita também a Emenda Constitucional (EC) 123, originada da chamada “PEC do desespero eleitoral“, recentemente aprovada no Congresso. Segundo o Dieese, “é uma tentativa do governo de reverter o quadro eleitoral, distribuindo benefícios somente até o final do ano, sem que esteja, de fato, articulada com uma mudança de estratégia
na política econômica e nas políticas sociais”.

Além disso, acrescenta o instituto, a recente aprovação da privatização da Eletrobras “aumenta o risco de elevação das tarifas de energia elétrica e solapa a soberania e a segurança energética nacional, indo na contramão do mundo”.

Já o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1% no primeiro trimestre em relação ao último de 2021 e 1,7% ante igual período do ano passado. ” Após a queda abrupta da atividade econômica no início da pandemia, a recuperação a partir de 2021 teve uma base de comparação muito baixa. E o início de 2022 mostrou que a economia brasileira apenas voltou ao observado antes da pandemia: crescimento lento e heterogêneo. O nível da atividade econômica continua abaixo do verificado em 2014!”, ressalta o Dieese.

Demanda reprimida da economia

Esse leve crescimento em um ano pode ser atribuído ao que o instituto chama de “ocupação dos espaços ociosos” da economia. Ou seja, “derivados de parte da demanda reprimida na pandemia, principalmente no setor de serviços”. Embora o consumo das famílias esteja aumentando, o Dieese sugere cautela na análise dessa informação. “tendo em vista o aumento da desigualdade social no país, de forma que esse aumento do consumo está longe de ser homogêneo entre as famílias”.

Assim, o aumento da pobreza está “diretamente ligado à perda de rendimento e ao aumento do custo de vida”. O valor da cesta básica em 12 meses, por exemplo, aumenta mais de 20% e várias capitais, na maior variação registrada. “Além disso, a inflação continua castigando a população.”

O índice oficial (IPCA-IBGE) se mantém próximo dos 12%. E o rendimento real domiciliar per capita atingiu o menor valor desde 2012, como relata o IBGE. Levantamento do Dieese mostra ainda que, no primeiro semestre, acordos salariais acima da inflação são apenas 21% do total analisado. Abaixo, 43%. Com variação média no ano de -0,80%.



Fonte: Rede Brasil Atual