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Dieese: taxa de desocupação/desalento cresceu no último governo

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O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que as taxas de desalento e desocupação pioraram no governo Bolsonaro. O estudo faz um recorte comparativo entre o terceiro trimestre de 2022 com igual período de 2014, respectivamente, último ano das gestões de Bolsonaro e Dilma. O Índice da Condição do Trabalho (ICT), que acompanha e analisa as condições do cada vez mais heterogêneo mercado de trabalho brasileiro, considerando questões econômicas e sociais, caiu de 0,67 (2014) para 0,43 (2022). Quanto mais o ICT está próximo de 1, melhor é a condição de trabalho.

A taxa de desocupação e desalento foi outro índice que registrou piora sob Bolsonaro. No terceiro trimestre de 2014, a taxa que era de 8,2% subiu para 12,1%. O IBGE classifica como desalentada a pessoa que gostaria de trabalhar, mas que desistiu de procurar emprego por achar que não encontraria. Idade, falta de qualificação e conjuntura econômica são alguns dos fatores que podem desmotivar esse trabalhador a procurar emprego.

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O estudo aponta que a taxa de desocupados e desalentados de responsáveis por domicílio mais que dobrou sob Bolsonaro, saltando de 4,3% para 9,4%. O índice de desocupados que procuravam emprego há mais de cinco meses também cresceu em 2022 em comparação a 2014: 51,8% para 53%. O rendimento médio real por hora também registrou queda em 2022: R$ 16,39 contra R$ 16,67.


Na avaliação de Ronan Teixeira, que está à frente da Secretaria de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato dos Bancários/ES, os dados revelados pelo estudo do Dieese não surpreendem. Para Ronan, a piora de todos os indicadores no período analisado em 2022 em comparação a 2014 são resultados das reformas trabalhista e previdenciária.

“Bolsonaro assumiu o mandato determinado a governar contra a classe trabalhadora. Não bastassem as perdas impostas pela reforma trabalhista, o então presidente editou medidas provisórias que precarizaram ainda mais as relações de trabalho. Costumamos dizer que Bolsonaro, recorrendo a esse monte de MPs, fez uma nova reforma dentro da reforma trabalhista de 2017. O que já era ruim, piorou bastante”, critica o dirigente sindical.

Segundo Ronan, a política neoliberal de Bolsonaro e Paulo Guedes empurrou um enorme contingente de trabalhadores para a informalidade. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE), atualizados em agosto de 2022, apontam que há mais de 39 milhões de trabalhadores desenvolvendo algum tipo de atividade informal no país.

Ronan cita como exemplo o crescimento dos trabalhadores por aplicativo – Uber e congêneres -, que se transformaram num grande precariado. “Mesmo os trabalhadores celetistas tiveram perdas de direitos e garantias expressivas nos últimos anos. Ao mesmo tempo, Bolsonaro atacou as entidades sindicais com intuito de destruir a última fronteira de defesa da classe trabalhadora”, complementa.

Dados do ES

O estudo do Dieese avalia os mesmo indicadores nos estados. Os dados do Espírito Santo espelham as médias nacionais com relação às taxas de desocupação/desalento. A taxa que era de 6,3% em 2014 chegou a 9,1% em 2022 – sempre considerando os terceiros trimestres dos dois anos. A taxa de desocupação/desalento dos responsáveis por domicílios dobrou, passando de 3,5% para 7,1% (2022), acompanhando a tendência nacional.


O estado capixaba, em relação à média nacional, registrou resultado positivo no índice que avalia desempregados à procura de emprego há mais de cinco meses. A taxa que era de 53,3% em 2014 caiu para 45,5%. O rendimento real médio por hora também apontou ligeira melhora em 2022. A média que era de R$ 15,59 foi para R$ 16,14 – melhora de R$ 0,55. A média de R$ 16,14, porém, é menor que a nacional: R$ 16,39.

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Ronan Teixeira avalia com cautela os dados do Espírito Santo que apontaram ligeira melhora. “Chama atenção que a taxa dos responsáveis por domicílios desocupados ou desalentados dobrou. Esse justamente é o segmento mais vulnerável entre os trabalhadores que estão à margem do mercado de trabalho. Se esse grupo cresceu cem por cento, o dado que apontou o ligeiro crescimento da média de remuneração por hora, pode estar ocultando essa realidade. Os dados apresentados pelo Dieese não revelam as camadas mais detalhadas do estudo, mas é possível deduzir que os desocupados ou desalentados, que dobraram, como estão fora do mercado, acabam não empurrando os ganhos médios para baixo”, afirma o dirigente.

Ele acrescenta que os resultados, de maneira geral, apontam que a política neoliberal do governo Bolsonaro foi desenhada para retirar direitos e garantias conquistadas pela classe trabalhadora ao longo de décadas. “As centrais e as entidades sindicais, ao lado dos trabalhadores e das trabalhadoras, têm o desafio de restaurar os direitos sequestrados por Bolsonaro e apresentar ao novo governo uma agenda propositiva que devolva a dignidade aos trabalhadores da ativa e aposentados”, finaliza Ronan.

Fonte: Barcario.Es.Org