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No 1° de Maio extrema direita não defende nenhum direito trabalhista e ataca o Judiciário

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Manifestação pró-governo na Avenida Paulista no 1º de Maio — Foto: André Guilherme Vieira/Valor

Contando com seis carros de som dispostos ao longo da avenida Paulista, entre a região da Consolação e a alameda Joaquim Eugênio de Lima, movimentos de cunho bolsonarista fizeram críticas à Constituição, ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal (STF) no ato de 1º de Maio.

Pessoas que participaram da manifestação na avenida Paulista, que se converteu em uma mistura de crítica à democracia e desagravo ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), se agrupavam em torno de carros de som do movimento Nas Ruas, próximo ao Masp, e de outros trazidos por entidades que defendem o uso de armas e a volta à ditadura.

O presidente Jair Bolsonaro não participou presencialmente do ato, mas apareceu em um vídeo transmitido ao vivo por um telão. Por meio de uma curta transmissão feita a partir do Palácio do Planalto, Bolsonaro agradeceu seus apoiadores e disse que lhes deve lealdade, comprometendo-se a segui-los “aonde vocês estiverem”.

Bolsonaro voltou ao tema de defesa da liberdade individual e se declarou chefe de um governo “que acredita em Deus” e que trabalha para “a defesa da família”.

“O importante é pedir que cada um que está aqui presente seja o maior cabo eleitoral do presidente Jair Bolsonaro, eu estou aqui por ele”, afirmou o deputado, do alto de um carro de som alugado pelo diretório paulista do PT.

Durante uma rápida fala, o parlamentar se referiu ao ex-presidente nacional do PTB Roberto Jefferson, condenado pelo mensalão, de “preso político” e exortou os presentes a defenderem “o direito de liberdade de vocês até a morte”.

Apesar de ter o nome anunciado como presença garantida no ato, o pré-candidato a governador apoiado por Bolsonaro, o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) também não comparecerá à manifestação, segundo a assessoria de imprensa do político.

Participou do ato a deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL), que ascendeu ao cargo como integrante do movimento Nas Ruas, a partir das manifestações contra o governo Dilma Rousseff que aconteceram em 2013.

Manifestação pró-governo na Avenida Paulista no 1º de Maio — Foto: André Guilherme Vieira/Valor

Na manifestação que aconteceu em São Paulo, bolsonaristas exibiam cartazes com palavras de ordem contra o Judiciário. Em 7 de setembro do ano passado, na mesma avenida Paulista, Bolsonaro incentivou desobediência a decisões do Poder Judiciário e ofendeu o ministro Alexandre de Moraes, relator de inquéritos no STF que miram aliados do presidente.

Cartazes estampavam dizeres como “Bolsonaro, exerça seu poder constitucional” e “O TSE é um inimigo político do Brasil”. Com faixas que aludiam a declarações de Bolsonaro, como “a nossa liberdade não tem preço”, os bolsonaristas tiravam fotos e fazem lives transmitidas para canais no YouTube. Ambulantes vendiam bandeiras do Brasil a R$ 50,00 e camisetas com frases bolsonaristas e imagens do presidente eram comercializadas a R$ 45,00.

O deputado estadual Conte Lopes (PL) tirava fotos com apoiadores do presidente. Trajando camisa preta com os dizeres “veterano, boinas pretas”, o deputado — ex-capitão da Rota, esquadrão da PM paulista notório pela truculência policial — estava com uma antiga viatura policial que remete à década de 70, estacionada na calçada diante do Parque Trianon.

Cerca de 400 homens da Polícia Militar estavam na região e faziam o patrulhamento preventivo a pé, de carro e também em motos e bicicletas. Havia apoio do helicóptero da PM.

Também havia um carro de som com faixas do grupo “B 38, Grupo Brasil Conservador” criado por bolsonaristas de Recife e que agrupa milhares de seguidores no aplicativo de mensagens Telegram. O número 38 de refere ao fato de Bolsonaro ser o 38º presidente do Brasil.



Fonte: Valor Econômico