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Servidores não aguentam 5 meses de perdas e dizem que "TJ não pode ter duas caras"

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Após 5 meses com salários reduzidos e inércia do presidente do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE), Edson Ulisses de Melo, que tem mantido o descumprimento da revisão inflacionária desde a sua posse, servidores do órgão realizaram um ato público em frente ao Palácio da Justiça. O ato aconteceu no dia do pagamento do salário, dia 20, com o objetivo de defenderem que o Tribunal não pode ter duas caras: benefícios para os juízes e maldades para os servidores.

Os servidores do TJ voltaram às ruas 1 ano e 2 meses depois do início da pandemia, realizando o ato simbólico, com uso de máscaras e um número reduzido de participantes para garantir o distanciamento social.

Durante o ato, dirigentes sindicais e alguns servidores da base fizeram discursos que manifestaram a indignação da categoria, diante das dificuldades enfrentadas para garantir o seu sustento e dos dependentes com o poder aquisitivo corroído em decorrência da violação gritante de direitos no TJSE.

"A Lei da Granada se sobrepôe à Constituição? É claro que não! As 2.500 famílias dos servidores estão amargando uma perda grande do poder aquisitivo e, enquanto isso, assistem a um tratamento diferente dado aos juízes, que têm até 13° da gratificação de acervo. É preciso que a gestão do TJ corrija essa distorção, porque quanto mais dias se passam, mais prejuízos são acumulados pelos servidores," questionou Analice Soares, analista judiciária e coordenadora de Cultura e Lazer do Sindijus.

O técnico judiciário, Lucas Oliva, destacou a indignação dos servidores. "Estamos indignados com a gratificação de acervo para os magistrados e a não concessão do revisão inflacionária desde janeiro de 2021 para os trabalhadores. Que o presidente e seus pares, desembargadores, entendam o quanto antes a necessidade de cumprir a Constituição Federal e fazer justiça para os servidores que fazem o melhor TJ do Brasil," diz.

A analista e coordenadora de Mulheres do Sindijus, Sonale Freiras, falou do esforço de sair de casa para lutar por direitos em meio a pandemia. "Meus gastos domésticos sofreram aumento! Como não agir? Não saímos a passeio à praça Fausto Cardoso, mas para lutarmos por respeito e dignidade, contra a exposição à perda do poder aquisitivo. Aguardo ações humanizadas, dialógicas e equitativas da gestão do desembargador Edson Ulisses e, para isso, é necessário assegurar a revisão inflacionária aos servidores," desabafa.

O técnico e coordenador Geral do Sindijus, Jones Ribeiro, cobrou a abertura de diálogo da gestão. "O que fez com que dezenas de trabalhadores se mobilizassem em forma de ato público foi a sensação de descaso e injustiça. É inaceitável que a gestão do Presidente Edson Ulisses insista em não conceder a revisão geral anual dos servidores enquanto tenta, por exemplo, criar fundo de segurança em favor de juízes e desembargadores. A direção do Sindijus continua disposta ao diálogo, mas se tem algo que não se controla é o sentimento alheio, principalmente a indignação."

 

Diálogo
A direção do Sindijus já solicitou uma nova reunião com o presidente do TJ, Edson Ulisses, para discutir alternativas que assegurem o cumprimento dos direitos prioritários da categoria: a revisão inflacionária de 5,4% referente a 2020 e a evolução da carreira. Mas o presidente ainda não marcou a reunião e continua em silêncio. 

 

Intervenção
No mesmo local, na Praça Fausto Cardoso, foi realizada uma intervenção urbana, com bonecos que incluíram um novo personagem à campanha salarial dos heróis que garantem o funcionamento do Poder Judiciário. O personagem "duas caras", que pela frente garante benefícios apenas para os juízes e pelas costas prejudica os direitos dos servidores.

A intervenção chamou a atenção das pessoas que passavam pela praça e continua gerando repercussão com milhares de visualizações nas mídias sociais.

 

Intervenção urbana bonecos1 

Intervenção urbana bonecos2