Coordenadoras do Sindijus participam da 7ª Marcha das Margaridas em Brasília

Sergipe foi o estado com a quinta maior delegação: dez ônibus com 360 mulheres

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Mulheres de diversas regiões do Brasil participam da Marcha das Margaridas, mobilização política considerada a maior da América Latina e organizada por federações, sindicatos e movimento sociais. A marcha tem como objetivo principal lutar e assegurar direitos, eliminar desigualdades de gênero, classe e etnia, combater a violência que ameaça suas vidas e enfrentar a opressão devido ao seu gênero. É um evento que reúne mais de 100 mil mulheres em Brasília, ocorrendo desde o último final de semana até hoje, dia 16 de agosto.

Uma representação de Sergipe, com cerca de 360 mulheres de diversos movimentos - do campo e da cidade – e, inclusive, com as dirigentes do Sindijus Sara do Ó e Fernanda Menezes, estão na capital do país. Para Sara, coordenadora de Aposentados e Pensionistas do Sindijus, que já participou da atividade outras vezes, a presença na Marcha das Margaridas é uma forma de fortalecer a pauta em defesa dos direitos das mulheres trabalhadoras no Brasil. “É lindo de ser ver, e sentir, a energia dessas trabalhadoras de todo Brasil, com suas histórias e vivências, compartilhando como o exemplo de Margarida Alves as inspira a lutar, apesar dos desafios gigantescos”, avaliou.

Mulheres de diversas regiões do Brasil participam da mobilização política, considerada a maior da América Latina pela Contag. Elas buscam assegurar direitos, eliminar desigualdades de gênero, classe e etnia, combater a violência que ameaça suas vidas e enfrentar a opressão devido ao seu gênero. As pautas foram discutidas durante dois anos em reuniões regionais e nacionais, resultando em um documento com 13 eixos políticos, que foi entregue ao governo federal em junho. As margaridas esperam que o governo atenda às reivindicações apresentadas durante a 7ª edição da marcha.


40 anos após assassinato, Margarida Alves continua símbolo de resistência


“Porque entendo que é melhor morrer na luta do que morrer de fome”, as palavras são do discurso de Margarida Maria Alves, na comemoração do 1º de maio de 1983, em Sapé. A líder sindical parecia antever que poucos meses após este discurso, os latifundiários da região tentariam calar sua voz.

A vida de Margarida foi interrompida brutalmente, em 12 de Agosto de 1983, por volta das 17 horas, com um tiro de espingarda que atingiu seu rosto. O crime aconteceu na porta de sua casa, em frente à sua família, em Alagoa Grande, no Brejo da Paraíba.

A motivação foi política. Margarida era uma imparável defensora dos direitos das trabalhadoras e trabalhadores agrários, durante os 12 anos em que esteve à frente da presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, lutou contra a violência no campo, pelo fim da exploração dos camponeses e pela reforma agrária.

40 anos após o assassinato, o nome de Margarida ainda ecoa como símbolo de luta que serve de inspiração para muitas outras mulheres. “Uma mulher camponesa sindicalista, uma grande liderança e uma pessoa que vivenciou importantes transições na igreja, no movimento sindical e eu diria também, a transição de deixar de ser uma mulher dona de casa, trabalhadora do campo, para ser uma mulher do espaço público político. Essa é Margarida Maria Alves”, define a historiadora Ana Paula Romão.


Marcha das Margaridas


Há duas décadas, mulheres de diversos movimentos sociais marcham até a capital federal em homenagem à memória da líder sindical e contra a pobreza, a fome e a violência sexista. "Margarida Maria Alves vive em cada uma de nós mulheres do campo, das florestas e das águas. Ela tem nos inspirado a continuar lutando, defendendo os nossos direitos e enfrentando todos esses desafios que temos no dia a dia”, expressa Mazé Morais, secretária de mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores Agrários (Contag).

O movimento começou em 2000, com a participação de aproximadamente 20 mil mulheres. Desde então, a cada quatro anos, elas voltam a se reunir nas ruas de Brasília para cobrar políticas públicas voltadas às mulheres camponesas. A última edição, que ocorreu em 2019, contou com a participação de 100 mil mulheres de diversas regiões do país.

“Há 21 anos, a Marcha das Margaridas vem anunciando as bases de um desenvolvimento sustentável, a partir de relações justas e igualitárias pautadas nos valores da ética, da solidariedade, da reciprocidade e respeito à natureza. Margarida nos deixou esse grande exemplo de força, que nós continuamos honrando e nos inspirando”, finaliza Mazé.

Com informações da Agência Brasil e Comitê de Enfrentamento da Violência da UFPB

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