Servidores do primeiro grau garantem bom desempenho do TJSE mesmo sem receber gratificação

Os principais indicadores de celeridade festejados pela gestão do tribunal são fruto do trabalho dos servidores que atualmente são apagados e recebem salários reduzidos.

CNJ Numeros 2024 TJSE

 

A gestão do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE) divulgou nota ontem, dia 04, celebrando sua “eficiência e a celeridade processual” por meio dos números divulgados pelo relatório ‘Justiça em Números 2024’, elaborado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e apresentado no último dia 28 de maio.

O bom desempenho comemorado pela cúpula do TJSE tem como base, principalmente, os resultados por “tempo médio do início do processo até a sentença”, que resultou no 2º menor tempo do país, com 1 ano e 1 mês; e o tempo médio “nas fases de execução”, com 1 ano e 4 meses, que coloca o Judiciário sergipano como o mais célere do país nessa etapa. Ambos méritos são produzidos durante a tramitação processual no primeiro grau de jurisdição: nos fóruns.

A situação expõe uma contradição explícita dentro TJSE, já que a grande maioria dos servidores e servidoras que garantem o funcionamento do primeiro grau, hoje, recebem salários reduzidos, decorrentes da desequiparação salarial gerada após a concessão de gratificação que varia de R$ 290,88 a R$ 1.454,00 apenas a uma parcela dos servidores das varas cíveis comuns da capital. Já no segundo grau, todos os servidores efetivos lotados nos gabinetes recebem essa mesma gratificação, sem a exigência de metas e no valor invariável de R$ 1.454.

A coordenadora geral do Sindijus, Analice Soares, revela que notícias como essa expõem as desigualdades, infundadas, ainda enraizadas no TJSE. “Ao mesmo tempo que nos orgulhamos dos resultados que mantém o Judiciário sergipano entre os mais céleres do pais, percebemos que os trabalhadores e as trabalhadoras que mais contribuem para a efetivação da justiça, no primeiro grau, conforme reconhecido pelo CNJ e pelo próprio TJSE, são os mais preteridos. E, ultimamente, esse sentimento de insatisfação acentuou com a imposição de remunerações diferenciadas para um conjunto de cargos que trabalham, igualmente, na produção dos atos judiciais.”

O ‘Justiça em Números 2024’ é um levantamento que apresenta dados sobre a atuação da Justiça, com informações que incluem indicadores processuais, com variáveis que calculam o nível de desempenho, de informatização, de produtividade, de recorribilidade da justiça, entre outros. O diagnóstico é anualmente elaborado pelo Departamento de Pesquisas Judiciárias (DPJ), do CNJ.

Outro ponto destacado foi o Índice de Produtividade Comparada da Justiça (IPC-Jus) de 83% do Judiciário sergipano, o 6º maior entre os tribunais estaduais. Nesse quesito, o TJSE caiu em comparação com o relatório publicado no ano passado – referente a 2022 – quando havia alcançado 100%. A colocação quase retirou dos servidores o bônus de desempenho, benefício pago anualmente que exige, como requisito para a concessão, a permanência do TJSE entre os seis primeiros do país.

 

Reequiparação e reconhecimento no primeiro grau

Para resolver o problema da diferenciação salarial criada pela gestão do TJSE, no primeiro grau, e evitar retrocessos que afetem a produtividade dos serviços judiciais, os servidores efetivos têm reivindicado, na pauta do Sindijus, a criação da gratificação de atividade judiciária (GAJ), que já é uma realidade em alguns tribunais de justiça estaduais e federais. A aplicação da gratificação, alinhada às possibilidades financeiras do órgão, põe fim à desigualdade e valoriza todos os servidores que estão na ponta e não ocupam cargo em comissão (CC) e função de confiança (FC), semelhante à gratificação que já vem sendo aplicada no segundo grau e em uma minoria de varas do primeiro grau.

 

 

 

Compartilhe :