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Marcha difundiu consciência negra em Aracaju no Dia de Zumbi

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“Negro, lindo, povo forte, que não teme a luta e não teme a morte! Viva o povo negro”, entoou a Iyalorixá Sônia de Oxum pelas ladeiras do Bairro América

sergipe 221121A inspiração de Zumbi e Dandara, líderes negros revolucionários, norteou pelas ruas do Bairro América a Macha Negra Fora Bolsonaro Racista no Dia da Consciência Negra, sábado, 20 de Novembro.

Secretária de Combate ao Racismo da Central Única dos Trabalhadores (CUT Sergipe), a professora Arlete Silva afirmou que o governo Bolsonaro não lhe representa.

“20 de novembro é dia de celebrar Zumbi, símbolo de resistência. E é isso que estamos fazendo aqui: resistir. Resistimos ao genocídio da população negra, ao governo Bolsonaro, que não nos representa, onde temos a carestia, aumento do gás de cozinha, aumento do combustível, e não podemos permitir mais isso, estamos juntos, nós, negros, população pobre e principalmente a população do Bairro América, símbolo de violência, onde a polícia sergipana adorava chegar batendo”, denunciou Arlete.

Roberto Amorim, dirigente do Sintese (Professores), afirmou que a população negra está ainda mais marginalizada sob o efeito do retrocesso do governo Bolsonaro. “Estamos num momento em que a crise estrutural do governo genocida nos oprime, nos coloca em segundo plano, com o corte do Bolsa Família e o desemprego que só cresce, por isso estamos aqui para mostrar a união da força não só da população negra, mas de todos aqueles que o estado genocida marginaliza”.

O petroleiro Paulo criticou a postura da Fundação Palmares. “Todos os dias este governo pisa no nosso pescoço, este governo representa os banqueiros, representa as elites, não representa a população brasileira e menos ainda representa a população negra. No Dia da Consciência Negra, o representante de Bolsonaro na Fundação Palmares diz que não tem nada a comemorar, nos desrespeita, reproduz o racismo. Pelo preço absurdo da eletricidade, pela falta de emprego, Fora Bolsonaro, Racista”, declarou na Pça da Abolição, ainda na concentração.


CONTRA O RACISMO RELIGIOSO


O racismo religioso foi a denúncia feita pela Iyalorixá Lígia Borges, do Fórum de Religiões de Matriz Africana. “O racismo vivenciado a cada dia inviabiliza a cultura africana, ataca o nosso sagrado. O Estado tem que agir contra o racismo religioso. Existem terreiros fechados, queimados, como o terreiro do Pai Tiago, aqui no Bairro América. Nenhum Governo tomou providencia”. Várias lideranças religiosas participaram da manifestação para cobrar ação enérgica do Estado contra o racismo religioso e a intolerância religiosa.

No correr da Marcha Negra, a denúncia do racismo brasileiro preencheu o ato. Do Coletivo de Mulheres Negras Rejane Maria da Pureza, a jornalista Laila Oliveira questionou a democracia brasileira diante da opressão racista. “A gente só alcança verdadeiramente uma democracia quando a gente supera as opressões e o racismo hoje é a maior opressão que sustenta as desigualdades no país”.


NEGRO É LINDO


“Estamos aqui na rua num dia simbólico e representativo para dizer fora Bolsonaro! Negros e negras no poder! Negro, povo lindo! Negro, povo forte, que não teme a luta e não teme a morte! Viva o povo negro e Fora Bolsonaro”, declarou a Iyalorixá Sônia de Oxum.

O professor Fernando Gramoza reforçou a necessidade de manter acesa a chama da luta contra o racismo nos demais dias do ano. “Estamos num bairro de resistência negra, próximo ao bairro Cirurgia, onde temos um dos maiores quilombos urbanos do Brasil: a Comunidade da Maloca, onde o povo negro resistiu e onde a gente pode irradiar o que é ser cultura negra e o que é ser consciência negra. É importante que a inspiração do nosso líder negro revolucionário, o aniversário de morte de Zumbi dos Palmares esteja presente nos 364 dias do nosso calendário”.

Incomensurável o peso da herança negra africana na cultura brasileira, por isso no Dia Nacional de Zumbi, Dia da Consciência Negra, não podia faltar cultura. Antes, durante e depois da marcha teve Maculele do Sintese, Poesia, Afoxé, The Mob, Roda de Samba e Brega Funk.



Fonte: CUT SE